Certamente você já se pegou muitas vezes observando a formação do colarinho de espuma em seu copo de cerveja e também já foi confrontado pelo garçom com esse dilema: – Cerveja com ou sem espuma?
Mas afinal, por que isso acontece e qual o jeito ideal de se consumir sua cerveja?
Bem, a espuma é formada naturalmente na produção da cerveja, a fermentação transforma os açúcares do malte em álcool e dióxido de carbono. Sob pressão na garrafa e após o processo de carbonização, o gás dióxido de carbono (CO2) fica comprimido em forma de bolhas. Quando essa pressão é rompida, a garrafa aberta e o líquido transposto para seu copo, esse gás atinge a superfície transformando-se na cremosa, aromática e popular espuma do colarinho, que é mantido pelas proteínas do malte até se desfazer.
Ao se servir a cerveja, a espuma dá as primeiras sensações, as notas aromáticas, o paladar. É uma parte da experiência com a bebida da qual bons apreciadores sabem aproveitar.
Na hora de servir: Cerveja com ou sem espuma?
Considerando as propriedades do colarinho, a questão fica um pouco mais relativa. Na verdade, muitas vezes é uma questão cultural. Em países variados, a política do colarinho é diferente.
Na Alemanha, por exemplo, colarinhos volumosos são tradicionalmente preferíveis, enquanto os britânicos consideram muito colarinho uma enganação por parte do barman.
Algumas cervejas possuem mais colarinho que outras, isso também está muito ligado à qualidade, tipo e a forma como a cerveja é servida.
Cervejas com grande nível de álcool sustentam menos espumas, outras tem propriedades que causam um colarinho mais cremoso e durável.
Cada tipo de cerveja tem uma forma adequada de ser consumida, inclusive existem copos específicos para elas, como as Weizen e Tulipas, que tem a boca mais alargada justamente para a melhor projeção aromática e manutenção do colarinho, já outros, como o pint, preferivelmente são servidos até a boca com líquido ou deixa-se transbordar a espuma de propósito.
A formação do colarinho, além de realçar muitos traços de sua cerveja, também ajuda a preservar essas características e até sua temperatura ao desacelerar seu processo de oxidação com o ar.
Levando tudo isso em consideração, talvez o colarinho não seja uma opção tão ruim. Existe um limite entre o colarinho bem formado e a cerveja mal servida, com um choque muito grande contra o copo, o que certamente irá agitar em excesso e subitamente as partículas de gás carbônico.
Em um nível mais técnico, o colarinho pode ser inclusive um bom parâmetro para algumas das propriedades daquele tipo de cerveja.
A qualidade da Cerveja pode ser notada na espuma?
Com ou sem espuma, muitos traços da cerveja já podem ser notados, por vezes, até mesmo antes de abri-la. Um apreciador competente é capaz de fazer diversas inferência sobre a qualidade da bebida.
A clareza, consistência, duração e porosidade da espuma podem indicar muito sobre a “saúde” daquela bebida; se seu processo foi orgânico e teve uma maturação adequada. Com o aroma mais forte e imediato do colarinho é possível sentir com mais intensidade suas propriedades antes mesmo de começar a bebê-la e, além disso, a espuma não é um desperdício, com o tempo, maior parte dela volta ao estado líquido.
A qualidade de manutenção da bebida também pode ser atestada pelo colarinho. Cervejas mal estocadas, com algum tipo de contaminação, carbonação ou prazo de validade, as famosas cervejas “chocas” costumam, além de não produzir muita espuma, ter um aroma desagradável.
Como entusiasta da cerveja, é quase uma heresia não curtir cada aspecto de sua bebida, especialmente daquelas desenvolvidas para a apreciação lenta e cuidadosa. O colarinho é parte integral das cervejas e, como tal, também merece ser avaliado e propriamente saboreado!
Na próxima vez que for tomar uma cerveja e surgir a clássica indagação – cerveja com ou sem colarinho?, se não tem o habito, dê uma chance ao colarinho e tudo o que ele tem a dizer sobre aquela bebida, seu paladar agradecerá!
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